Neste número de março de 2016, a fotógrafa Márcia Sartori, funcionária do TCU na Secretaria das Sessões, dialoga com Rubén Darío.
Márcia nova globetrotter corre o mundo em busca de belas imagens. Esta imagem ela a colheu na França, na região do Languedoc, em 2015.
Rubén Darío nasceu na Nicarágua em 1867. Um escritor, uma pessoa sensível, um jornalista, virou a poesia de fala hispânica de alto a baixo. O trecho aqui incluído ele o escreveu na Argentina, aos 27 anos.
Júlio CAT, funcionário do TCU na Secretaria de Macroavaliação Governamental, segue há anos o ditado "Rindo castigo os costumes". ". Neste filme de 2005, Júlio descreve como seria um órgão de controle externo nos tempos do Império Romano. Observador e participante da vida burocrática, Júlio escolheu o caminho da sátira.
O mesmo caminho que o Barão de Itararé escolheu, oitenta anos antes, para para comentar a vida política brasileira. Aparício Torelly nasceu em 1895, e amargou até cadeia por seu humor e suas idéias políticas, mas sem nunca perder a gargalhada. Nesse trecho ele autobiografa o seu alter ego, o Barão de Itararé.
Paulo Avelino, da Secretaria do Ceará, descreve o Detetive Artemidoro Balsemão - que vive mais uma aventura na sua batalha contra a corrupção.
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Paisagem - por Márcia Sartori |
“Pradera,
feliz dia! Do régio Buenos Aires
Ficaram lá
longe o fogo e o fervor.
Hoje em teu
verde triunfo terão meus sonhos vida,
Respirarei teu
alento, me banharei em teu sol.
Muitos bons
dias, horta! Saúdo a frescura
Que brota
dos ramos de teu pêssego em flor;
Formada de
roseirais, tua rua de Florida.
Vê passar a
Glória, a banca e o Sport”.
(Rubén Darío, Poesía, La Nación, 2000).
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“Com relação à vida pregressa do ilustre fidalgo Barão de
Itararé, o Brando, senhor feudal de Bangu-sur-mer, nunca tive a menor dificuldade
no recolhimento de completas informações, porque sua vida pública é, na
realidade, uma continuação da privada. É um homem sem segredos, que vive às
claras, aproveitando as gemas e sem desprezar as cascas. Amigo de cama e mesa,
deitei-me, durante o dia, no mesmo leito em que ele dormia de noite, e bebi com
ele, no mesmo copo, do mesmo com goma com o qual costumava abrir e fechar as
refeições. Aí tive ocasião de aprender que a pobreza não é desonra, mas é uma
porcaria.”
Do “Ligeiro estudo pela rama de alguns galhos da árvore
genealógica do barão de Itararé” – reproduzido em “Máximas e Mínimas do barão
de Itararé”, ed. Record, 2ª ed. P. 17-18.
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O Detetive Balsemão resolve o problema das Licitações
Paulo Avelino
Dia desses, eu, o Detetive
Artemidoro Balsemão, dedicava-me a profundos e afogados pensamentos sobre como
seria possível resolver o problema das licitações que infelicitam o nosso
eufórico país.
Aspecto da Sala de Licitações, repleta de licitantes honestos |
Pensei
então no estratagema – em vez de tentar saber quem são os ladrões, o que tem
sido feito desde que Cabral era menino, eu tentaria identificar os honestos.
Mandei publicar então aviso nos jornais:
Licitação Direcionada n. 000000000001/2016
Este certame será ganho por quem entregar mais queijos de minas,
perfuminhos parisienses e ipods para as pessoas certas. Quê? Quer saber o
objeto da licitação? Pra quê?
Meu raciocínio [brilhante, um dia
alguém mais além de minha secretária Cacilda Regielena reconhecerá isso] era que,
se as licitações aparentemente honestas atraem lobões, as licitações
aparentemente roubadas atrairão cordeirinhos.
Sentei-me na mesa de licitações,
armado de um bloco de notas para anotar os lances, um par de lápis e um celular
ching-ling do camelô, e pus-me a esperar. Como os licitantes tardavam, tirei um
cochilo.
Quando este velho detetive abriu
os olhos, não havia mais lápis. Nem bloco de notas. Nem mesmo a vetusta mesa
licitatória.
Mas antes que os pessimistas
comecem sua algaravia, observo que não quiseram o celular. A Honestidade ainda
existe.