Ouço
vozes
Barulhando
à minha volta
Num
sonido sem fim.
Delas
não me queixo
Porque
se não as ouvisse
Pobre
de mim!
Vozes
ouço
Que
ao redor de mim
Alardeiam.
Mas
são chocarrices
Que
muito entristecem
E
chateiam!
Ouço
vozes
Que
aos quatro ventos
Soam.
Disso
não me lamento.
Se
me forem por tormento
“Coitado!”,
entoam.
Vozes
ouço
Que
de todos os cantos
Vêm.
Não
são só barulho
Digo
sem rodeio
São
encantos também.
Ouço
vozes
Que
de contínuo sopram
E
ecoam.
Também
as vozes dos ventos
Que
cantos, a cada instante,
Entoam.
Vozes
ouço
Nem
sempre minhas,
Ao
que me parece.
São
um primor de sonidos
Não
são grunhidos
São
preces.
Ouço
vozes
Que
nem sempre são lamentos
A
emitir sons distintos
Tampouco
são contentamentos
Nem
algo tão virulento
Dentro
da alma pressinto.
Vozes
ouço
Como
labirintos, que divagam
Emitindo
sons confusos.
Sempre
inquirindo respostas
Por
entre as ondas do ocaso
Num
universo difuso.
Ouço
vozes
Outras
vezes já ouvidas
Pressintam
vocês ou não.
Vozes
que, se repetidas,
Dão
ao coração guarida
Ou
trazem à alma aflição.
Vozes
ouço
Murmúrios
do canto e do pranto
Que
tanto vi como ouvi.
As
mesmas vozes que eu,
Além
ver e ouvir,
Muitas
vezes revivi.
Ouço
vozes
Não
são vozes d’África
Quem
dera!
Também
não são vozes da seca
São
vozes, por vezes, da morte
Pudera!
Vozes
ouço
Do
bem, do mal, do porvir
Que
me instigam a refletir.
Quanto
mais ouço, me encanto
Mas
num mundo em desencanto
Nada
mais faço que ouvir.
Ouço
vozes
Do
canto, do riso e do pranto
Vozes
sem fim.
Só
as vozes que não ouço,
Sejam
de alívio ou alvoroço,
Nada
trazem para mim.
@@@@@
Antonio Moreno, 59 anos, é natural de Colinas/MA. Graduado em
Administração e servidor do TCU desde 1975, atualmente no cargo de Auditor
Federal de Controle Externo, na Semag. Escreveu inúmeros artigos sobre variados
temas, a maioria restritos às listas de discussões de servidores do TCU,
constituindo-se um crítico contumaz das práticas administrativas desvirtuadas.
Apreciador de poesias, elegeu esse gênero como uma de suas leituras prediletas.
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