Siobhan Behruz traiu seu país
passando-se para os invasores Turkhmans. Expulso o inimigo, o povo o julgou e
condenou ao fuzilamento [diz a lenda]. O filme retratava rigorosamente tal história
[e o público seguia com sobriedade (e bocejos)] até que surgiu em cena o
próprio Siobhan: a cara de fuinha [além dos discursos que choviam perdigotos],
a pince-nez e barbicha e o cabelo para trás empapado de goma puxaram um
vagalhão de gargalhadas: o anti-herói conseguia ser uma mistura de Lênin, Trotski
e Stalin, os três ao mesmo tempo.
Para expor a vulgar banalidade do
vende-pátria, o filme o colocava dizendo só banalidades. O problema é que
quando Siobhan dizia Preciso de um copo
de vodca, pois um traidor do povo sempre cede à tentação da ebriedade! ou Vou agora satisfazer a minhas necessidades
fisiológicas do tipo sólido [ou do tipo líquido] o público, em vez de
enojar-se do malfeitor, ria dele.
O filme [embora fracasso ideológico]
arrastou o público. O Comitê Central [provisório] do Turquestão acrescentou um
texto inicial que o filme não apresentava nenhuma semelhança com nenhum prócer
da Revolução Proletária. Como tal aviso teve efeito contrário, o Comitê o
retirou.
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Este conto faz parte da série de
366 contos do gênero fantástico Efemérides de Amhitar,
publicada ao longo de 2013, todos com um máximo de 1500 espaços.
O auditor Paulo Avelino atua na
Secretaria Regional do Ceará e escreve contos, literatura digital e Direito Administrativo.
É um dos coordenadores deste blog.
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